Árvores dão flores, frutos, sombra. Árvores embalam sonhos – infantis ou não. Da pequena falsa-murta à figueira cinquentenária, cada centímetro de tronco carrega uma lembrança. Aqui, exemplos de esculturas vivas
Falsa-murta: no nível do olhar
Diferentemente dos projetos que costuma assinar, o desta casa no Alto de Pinheiros, em São Paulo, estava quase pronto. A vegetação foi sabiamente mantida pelo paisagista Raul Pereira pela exuberância e singularidade. “Fiquei surpreso ao encontrar exemplares como uma falsa-murta adulta e uma esponja-de-ouro, árvore rara no Brasil e de crescimento lento, que está robusta”, diz Pereira. Além de conservar um estilo típico da década de 70, o jardim carrega lembranças da infância do morador atual, que vive com a mulher e as filhas.
O paisagista retirou algumas espécies para que outras sobressaíssem. “Tudo gira em torno da falsa-murta, centralizada em meio aos 252 m² de jardim”, afirma Pereira. As ramificações mais baixas foram podadas e dois bancos, dispostos em “L”, convidam à leitura e às brincadeiras embaixo da pequena árvore. Quando chega a primavera, as florzinhas brancas forram a copa e perfumam a área. “O projeto tem a escala do olhar. Tudo é visível e palpável, para aproximar os moradores do jardim.”
Castanheira para atrair esquilos
Plantas da região dominam os 2.600 m² de terreno da casa de campo do paisagista Benedito Abbud, em São Roque, no interior paulista. No meio de cássias, xaxins, dracenas, cerejas-silvestres e paus-jacaré, chama a atenção a castanheira-portuguesa, não menos adaptada ao clima. Plantada na área da piscina, a árvore, ainda jovem, cresce vigorosamente e começa a dar frutos.
Única espécie não-nativa da região, ela conserva as melhores histórias. “Há quatro anos vi esquilos ao redor de uma castanheira. A cena me levou à infância, à época em que as castanhas sempre apareciam nos jantares de Natal. Resolvi acrescentá-la à vegetação para atrair esquilos, mas também com saudosismo”, revela Abbud. E os bichinhos realmente aparecem na hora da refeição.
A castanheira preenche a primeira seqüência de jardim. A metragem total do lote permitiu que fossem trabalhados conjuntos de vegetação, revelados gradativamente. Para esconder o “jardim das carpas” – que fica abaixo do platô da piscina – os galhos inferiores da castanheira foram mantidos, criando uma cortina verde.
Uma senhora figueira
Não foi difícil para a paisagista Sylvia Luz, do espaço Topiária Paisagismo, incorporar a figueira com mais de 50 anos e 7 m de altura ao projeto paisagístico desta casa no Jardim Paulista, em São Paulo. A árvore, tombada pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo, foi mantida do projeto original e domesticada ao jardim de 306 m². “Podamos alguns galhos para diminuir a sombra e evitar que seus frutos e leite manchem o chão de tijolos”, diz Sylvia. Essa operação acontece a cada dois anos.
A pedido da moradora, a vegetação prima pela praticidade e resistência para suportar as brincadeiras dos três filhos pequenos e do labrador. O visual monocromático – só com flores brancas – garante o estilo. Espécies venenosas e com espinhos foram vetadas. A paisagista usou falsa-vinha para cobrir o muro e, junto dele, camélias e nandinas. Mesmo com bolas, skates e muita corrida, o jardim está sempre em ordem graças à boa escolha das espécies.
FICHAS
Cássia-amarela
Senna multijuga
Muito empregada em parques e jardins do sudeste do país, esta árvore brasileira atinge até 10 m de altura. O longo florescimento, de dezembro a abril, torna-a extremamente ornamental. Pelo pequeno porte e forma estreita da copa, é boa para arborizar ruas
Castanha-portuguesa
Castanea sativa
O clima frio é a paixão desta árvore nativa da Europa, do norte da África e da China. Sua
castanha cresce dentro de um ouriço, mas sai naturalmente quando amadurece. Pode atingir
25 m de altura. O tronco produz madeira dura utilizada com freqüência em construções
Orquídea-bambu
Arundina bambusifolia
Também conhecida como arundina, esta orquídea terrestre, originária de Burma, possui folhas laminares e alongadas, que podem atingir até 2 m de altura. Principalmente na primavera e no verão, dá flores bastante decorativas, em tons entre o branco e o lilás
Camélia
Camellia japonica
A origem oriental – Japão, China e Coréia – em nada influenciou o comportamento deste arbusto, que se adaptou bem ao clima tropical. Cultivado a pleno sol ou à meia-sombra, atinge até 6 m de altura. Suas flores brancas são formadas no outono e no inverno
Figueira
Ficus auriculata
A folhas largas e ramificadas e a copa cheia desta árvore originária da Índia não deixam
dúvida quanto à sua beleza. Quando adulta, atinge facilmente 7 m de altura. Seus frutos são avidamente consumidos por pássaros
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matéria retirada do site revistacasaejardim.globo.com